terça-feira, 15 de maio de 2007

Lutando para Vencer (Gn. 32.22-32)

Conforme dito ontem, nossa leitura continua a partir do versículo 22 do capítulo 32. Na noite anterior à reconciliação com seu irmão Esaú, Jacó vive um dos momentos mais marcantes de toda a sua vida. Após aprender duras lições durante vários anos, Jacó teme reencontrar seu irmão e suplica a ajuda do Senhor. Em seguida vemos um encontro sobrenatural, tão estranho como qualquer outro da Bíblia: Mas afinal, com quem lutou Jacó?

Tal narração parece nos mostrar que ele lutou contra um ser sobrenatural. Lutaram por horas a fio (o que nos mostra a grande agilidade de Jacó em seus 97 anos de idade). Então com um simples toque, tal ser desloca a coxa de Jacó - um lembrete permanente do seu confronto com Deus.

Em Oséias 12.3-5 lemos "Jacó, o antepassad
o deles, lutou com o seu irmão gêmeo Esaú enquanto os dois ainda estavam na barriga da mãe. Já homem feito, Jacó lutou com Deus; ele lutou com um anjo e venceu. Então chorou e pediu que o anjo o abençoasse. Deus o encontrou em Betel e ali falou com ele. Esse foi o Senhor, o Deus Todo-Poderoso. O seu nome é Senhor!"

Ao término da luta, vemos um Jacó transformado - totalmente agradecido por haver sido poupado, uma vez que ele sentiu ter visto o Senhor face a face, pois tal "estranho" lhe deu uma benção que somente o Senhor poderia lhe dar.


Jacó então recebe uma nova identidade: Israel - em hebraico "Israel" soa parecido com as palavras "o que luta com Deus" ou "Deus luta". Tal nome ostenta o selo definitivo da graça divina sobre ele. Uma mudança de nome no Oriente Médio significava um rito de passagem que marcava uma significativa mudança na vida de uma pessoa. A partir daquele momento não existe mais o Jacó traidor e trapaceiro, mas sim um homem transformado - aquele que dará o nome ao povo escolhido pelo Senhor - os "israelitas".

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Meditação:

Sempre que eu entrava na ala do hospital onde meu pai estava já havia uma pessoa o visitando ao lado de sua cama. Meu pai havia se aposentado três meses antes, esperando ansiosamente que as coisas ficassem mais tranqüilas e que ele pudesse se dedicar a muitos interesses. Contudo, pouco mais de um mês depois ele acordou de um pesadelo e percebeu que estava tendo um derrame.

Seis semanas mais tarde meu pai ainda estava no hospital, incapaz de se movimentar sem a ajuda de alguém, com o lado esquerdo do corpo paralisado. Estávamos começando a compreender que qualquer melhora que ele conseguisse a partir daquele ponto seria lenta e pequena. Estávamos incertos quanto a como faríamos para cuidar dele, mas estávamos percebendo que ele precisaria de muitos cuidados. Além disso, as contas estavam se acumulando.

A pessoa que tinha ido visitar meu pai naquele dia era uma senhora de nossa igreja. Quando entrei, ela estava falando sobre os últimos acontecimentos em sua própria família. O marido da filha dela havia recentemente dado um fim na própria vida atribulada, deixando a esposa com duas crianças pequenas e com as emoções confusas.

Era óbvio que tanto meu pai quanto sua visitante naquele dia estavam passando por um tumulto de dúvidas, temores e dor. Mas a conversa tomou outro rumo. Eles começaram a falar da bondade de Deus e de quanto Ele é digno de confiança. Falaram de como criam que Deus estava presente na situação deles para não deixar as coisas tão ruins quanto poderiam ter sido. Falaram de como sua fé em Deus lhes dava esperança para continuar em frente.

Os dois, tanto meu pai quanto a visitante, naquela ala de hospital, estavam lutando com Deus nas circunstâncias de sua vida. Lutando para encontrar a bênção de Deus na situação em que estavam. Lutando para encontrar esperança em sua incapacidade de fazer alguma coisa. Lutando para descobrir o significado de sua tragédia, confusão e dor.

Como pessoas que lutam com Deus, eles se unem à fila que remonta até Jacó, cujo nome até é mudado para "aquele que luta com Deus" ("Israel", em hebraico), após ter passado a noite lutando com um Estranho. Talvez Jacó tenha literalmente lutado com Deus; a história que temos de sua vida mostra uma luta maior que estava se desenrolando.

Não é coincidência que a "grande nação" originalmente prometida ao avô de Jacó, Abraão, ganhou esse mesmo nome – uma nação de pessoas que lutaram com Deus. A História confirma a veracidade disso. Se nós como cristãos nos consideramos o "Israel espiritual", então precisamos em primeiro lugar aceitar o significado literal disso. Devemos esperar nos unir à longa fila que começou com aquele que lutou com Deus.

Daniel Brown
West End, Austrália

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